quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Impressionistas contemporâneos no Jardim Botânico (ou USK Curitiba #4)

Foto: Davi Cavalheiro

Domingo na Ilha da Grande Jatte, Georges Seurat. 1884

A criação da bisnaga de tintas pelos holandeses, na época do Impressionismo, viabilizou que os artistas fossem para a rua pintar. Os desenhadores passaram a registrar o cotidiano urbano in loco. Cafés, cabarés, parques, ruas, estações. Concentraram-se na captura das diferentes atmosferas do dia, influenciados pela nebulosidade e luminosidade.
Este quadro de Georges Seurat – “Uma Tarde de Domingo na Ilha de La Grande Jatte” representa muito bem isso. A ambiência urbana, com seus transeuntes e roupas típicas. Na cena, inclusive, o rapaz que segura o cachimbo, o faz na mesma posição que alguém hoje manda um SMS, bate uma selfie ou conversa no celular.
É muito curioso comparar esta cena com nossas experiências urban sketchers e croquizeiras, mergulhados nas reuniões citadinas.
Neste final de semana voltamos ao Jardim Botânico – um parque solarizado e colorido de flores. Turistas, músicos, curtidores, atletas, namorados, pais, vikings [!]. Verdadeiro desfile de estampas e objetos habituais. Bonés, bolsas, tênis, carrinhos de bebês, bolas, celulares, bicicletas, moletons.
O costume parece o mesmo da época dos brothers Seurat, Renoir, Monet, Degas – preencher os gramados, entre as árvores, sentar na grama, conversar com amigos, contemplar a luminosidade dos lagos e desenhar.
Pitoresco imaginar os impressionistas desenhando incólumes entre os citadinos, pintando quadros que se transformaram no registro mais potente de uma época. Potentes porque preservam, dentro de cada imagem estática, milhares de cenas não fotografadas.  E o mais irônico disso tudo é que o pontilhismo do Seurat inspirou a criação da televisão, prensa e imagens digitais mais tarde.

(Fabiano Vianna, 19/07/15)


Foto de Washington Takeuchi



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