terça-feira, 2 de junho de 2015

Aquarelinhas do cotidiano



Você não pinta quadros maiores? Não. Minhas pinturas são assim mesmo – pequenininhas. Aquarelas do cotidiano. Com cores amareladas, tons rebaixados. Inspiro-me na singeleza das crônicas do Rubem Braga ou do Carlos Drummond de Andrade. Na “curitibânia” do fantástico e inspirador Luís Henrique Pellanda. 
E também é por isso que insiro personagens. No fundo tento desenhar histórias, na toada destes grandes mestres. 
Minhas aquarelas não se destacam na cruel concorrência dos quadros imensos. Juarez Machado, De Bona? Ai de mim! Minhas aquarelinhas são tipo miniconto do Dalton Trevisan. Ficam ali entre uma prateleira e outra, de preferência na parede mais escura (para proteger do sol). Apesar da discrição, possuem uma infinidade de acontecimentos – inclusive os não retratados. Como disse o meu amigo Raro de Oliveira : a primeira parte de uma crônica não continuada. 
Boas para carregar embaixo do braço. Levar na bolsa durante uma flanada na XV. Continuar a rabiscar na Confeitaria das Famílias ou em outro café.
Alguns escritores preferiram escrever contos a romances. Jorge Luís Borges, Murilo Rubião, Valêncio Xavier... 
Preferiram a concisão à prolixidade. 
Para mim a aquarela é como a crônica. Próxima do “narrador”. É aquele passarinho que pousa na janela de uma das casinhas do Bosque do Papa ou o vendedor de pipoca na Praça Tiradentes em dia de missa na Catedral.

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Aquarela:  Rua Schiller (também conhecido como Jardim Ambiental) para Cezar Tridapalli. Foi um desafio captar o astral exato desta rua tão única, com estas sombras, pássaros e movimentos tão próprios. Descobri que um dos detalhes primordiais eram os paralelepípedos circulares. 

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