Não me lembro
de ter ganhado algum medalha na vida, pois nunca fui o mais veloz, nem bom nos
esportes. Não jogava xadrez, tão menos lutei judô.
Na escola,
ganhei alguns concursos de desenhos para capas do “Nossas Cabecinhas Todas
Juntas” – uma antologia anual com redações dos alunos.
Meu negócio
era mesmo o desenho.
E hoje fui
condecorado por um amigo da rua.
Se não me
engano o nome dele era Hudson. (Não consegui compreender, mesmo depois de
perguntar três vezes).
Hudson estava
meio chapado.
Ele disse que
o meu desenho era coisa de doido, maluco e que eu tinha ido looooongeeee,
alcançando até mesmo a torre da Igreja da Ordem.
Disse que não
queria questionar meu profissionalismo, mas fazer um desenho como o que fiz (e
que agora pertence ao brother croquizeiro Maurício Goez), não era coisa de
gente normal. E eu merecia uma medalha por isso.
Eu ri e
agradeci, lógico.
Despedimos-nos
e ele pediu que eu levasse uma ‘fotocópia’ para ele. A coordenada seria a Rua
do Rosário, onde ele trabalha durante a semana como guardador de carros.
Assenti e
atravessei a rua em direção aos outros croquizeiros, ansioso e curioso para ver
o que os amigos tinham feito.
Depois de um
tempo, quando já iniciado nosso magnífico e estreante evento Croqui Secreto,
Hudson voltou. E apareceu apenas para me entregar meu prêmio: uma medalha em
forma de chaveiro, com o mapa do Panamá.
Fotos por Cassio Shimizu
Fotos por Rafael Pto